
Talbot e seu desenho fotogênico
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O fotograma, ou o registro sem
câmara de formas produzidas pela luz, incorpora à natureza do
processo fotográfico a chave real para a fotografia, e nos permite
capturar o entrelaçamento dos padrões da luz em uma folha de papel.
O fotograma abre perspectivas de uma morfose totalmente
desconhecida, governada por leis ópticas absolutamente peculiares.
Um fotograma é, em um
primeiro momento, algo muito simples. Consiste no registro de formas
gravadas pela ação da luz sobre um papel sensível, sem a ação de
maquina fotográfica, lentes ou filme.
A origem do fotograma
remonta as origens da fotografia, ou da foto-química, quando em
1727, o alemão Johan Heinrich Schulze descobriu a sensibilidade dos
sais de prata à luz.
Schulze, Professor de
Medicina, Arqueologia e Retórica, dedicava grande parte do seu tempo
aos experimentos químicos. Em um deles diluiu, por um acaso, acido
nítrico, contendo nitrato de prata em uma solução para dissolver giz
branco. A surpresa veio quando o lado do sedimento de giz, voltado
para a luz começou a escurecer, enquanto o lado voltado para a
sombra permanecia branco e inalterado. Prosseguiu essas experiências
o suficiente para finalmente concluir que a reação era causada pela
luz e não pelo calor, e foi dessa forma que descobriu a
sensibilidade dos sais de prata a luz.
Schulze produziu
imagens (fotogramas) com fios, letras e desenhos que, colocados em
vidros contendo soluções de giz com nitrato de prata, produziram
imagens, delineando suas formas em negativo. Essa experiência foi
pouco divulgada na época e somente em 1802, Thomas Wedwood e Sir
Humphry Davy retomaram o trabalho com sais de prata, na produção de
imagens para evitar que continuassem escurecendo quando examinadas
sob a luz. Em 1839, o inglês Willian Henry Talbot cunhou a palavra
"desenho fotogênico", que consistia em produzir imagens de objetos
colocados sobre folhas de papel sensibilizadas com sais de prata.
Esses foram os primeiros fotogramas, que ainda se covserva, até
hoje.
Com a evolução das
câmaras fotográficas e o aparecimento dos filmes de maior
sensibilidade, o "fotograma" sumiu por completo. As experiências que
descrevemos anteriormente, foram os princípios da ação da luz sobre
materiais fotos sensíveis.
Porém o surgimento do
fotograma como expressão criativa do processo fotográfico deve-se
principalmente a dois fotógrafos de grande importância na arte e
estética moderna, entre 1920 e 1930. São eles Man Ray e Laszlo
Maholy-Naqy, que redescobriram o fotograma por acidente, tal como
acontecera a Schulze. Curiosamente, os dois começaram a trabalhar
com o processo na mesma época, mas isoladamente, sem tomarem
conhecimento do trabalho do outro.
A descoberta acidental
se deu quando uma folha de papel fotográfico não exposta à luz foi
esquecida às químicas de processamento. Ao se acender a luz, o papel
foi lentamente escurecendo nas regiões expostas à luminosidade,
enquanto permanecia mais claro nas áreas onde se projetavam as
sombras de banheiras, pinças e vidros. A imagem formada foi o inicio
de um vasto trabalho, em que ambos se empenharam em sérias pesquisas
na exploração do potencial desse meio de expressão.
A técnica do Fotograma
também esteve presente também nos movimentos, surrealistas,
dadaístas, cubistas, Bau Haus e até na "Pop Art", Norte Americana,
dos anos 60. |