Alguns, na
tentativa de melhorar a qualidade da imagem, diminuíam o tamanho do
orifício, mas a imagem escurecia proporcionalmente, tornando-se
quase impossível ao artista identificá-la. Este problema foi
resolvido em 1550 pelo físico milanês Girolano Cardano, que sugeriu
o uso da lente biconvexa junto ao orifício, permitindo desse modo
aumentá-lo, para se obter uma imagem clara sem perder sua nitidez.
Isto foi possível, graças à capacidade de refração do vidro, que
torna convergentes os raios luminosos refletidos pelo objeto; assim,
alente fazia com que para cada ponto luminoso do objeto
correspondesse a um ponto na imagem, formando-se ponto por ponto da
luz refletida do objeto uma imagem puntiforme.
Desse modo o uso da câmera
escura se difundiu entre os artistas e intelectuais da época, que
logo perceberam a impossibilidade de se obter nitidamente a imagem
quando os objetos captados pelo visor estivessem a diferentes
distâncias da lente. Ou se focalizava o objeto mais próximo,
variando a distância lente/visor (foco), deixando o mais distante
desfocado ou vice versa. O veneziano Danielo Barbaro, em 1568, no
seu livro "A prática da Perspectiva" mencionava que variando o
diâmetro do orifício, era possível melhorar a nitidez da imagem.
Assim outro aprimoramento na câmera escura apareceu: foi instalado
um sistema junto com a lente que permitia aumentar e diminuir o
orifício. Este foi o primeiro diafragma. Quanto mais fechado o
orifício, maior era a possibilidade de focalizar dois objetos à
distâncias diferentes da lente.
Em 1573, o astrônomo e
matemático florentino Egnatio Danti, em La perspecttiva di
Euclide, sugere outro aperfeiçoamento: a utilização de um
espelho concavo para reinverter a imagem. Em 1580, Friedrich Risner
descreve uma câmara escura portátil mas a publicação só foi feita
após a sua morte, na obra Optics de 1606. A tenda utilizada
por Johann Kepler, para seus desenhos topográficos, utilizada em sua
viagem de inspeção pela Alta Austria, uilizava uma lente biconvexa e
um espelho, para obter uma imagem no tabuleiro de desenho no
interior da tenda, em 1620.
Em 1636, o professor de
matemática da Universidade de Altdorf, Daniel Schwenter, em sua obra
Deliciae physico-mathematicae, descreve um elaborado
sistema de lentes que combinavam tres distancias focais diferentes.
Este sistema foi usado por Hans Hauer em sua panorâmica de
Nuremberg. Athanasius Kircher em 1646, descreve sua câmara escura em
forma de liteira, ilustradamente no Ars Magna lucis et umbrae
e seu discípulo Kaspar Schott, professor de matemática
em Wüzburgo, nota que não era necessário o artista se introduzir
dentro da câmara escura; na obra Magia Optica de 1657,
Schott menciona que um viajante vindo da Espanha descrevera uma
câmara escura que podia ser levada sob seu braço.
Em 1665, Antonio Canaletto
(1697 - 1768) utiliza uma câmara escura dotada de um sistema de
lentes intercambiáveis como meio auxiliar de desenhos de vistas
panorâmicas.
Em 1676, Johann Christoph
Sturm, professor de matemática de Altdorf, em sua obra Collegium
Experimentale sive curiosum, descreve e ilustra uma câmara
escura que utilizava interiormente um espelho a 45 graus, que
refletia a luz vinda da lente para um pergaminho azeitado colocado
horizontalmente e uma carapuça de pano preto exterior funcionando
como um parasol para melhorar a qualidade da visualização da imagem.
Johann Zhan, monge de Wüzburgo, ilustrou em sua obra Oculos
Artificialis teledioptricus (1685-1686), vários tipos de
câmaras portáteis como o tipo reflex que possuia 23 cm de altura e
60 cm de largura.
Nesta altura já tínhamos
condições de formar uma imagem satisfatoriamente controlável na
câmera escura, mas gravar essa imagem diretamente sobre o papel sem
intermédio do desenhista foi a nova meta, só alcançada com o
desenvolvimento da química. |
Quanto maior o orifício
mais clara a imagem mas pouca nitidez
 Quanto menor o orifício
mais nítida a imagem mas muito escura

A imagem produzida através de uma
lente é bastante nítida devido à refração. Os raios de luz
divergentes refletidos por um ponto do sujeito são refratados pela
lente e passam a convergir a um único ponto.

Diversos tipos de disfragma:
Watherhouse, complacas isoladas, circular e o de iris, o mais usado
atualmente.

A imagem só torna-se nítida no ponto
chamado FOCO. Fora desse ponto a imagem é formada por discos
chamados CÍRCULOS DE CONFUSÃO. |